domingo, setembro 14, 2014

Anne Teresa De Keersmaeker: "Mozart Concert Arias – Un Moto di Gioia"



Nos últimos anos adicionámos Guimarães à nossa agenda. Foi muito antes de Guimarães ser capital da cultura, mas muito depois de Rui Rio ter amputado o Teatro Rivoli ao Porto (o que dá um intervalo de alguns anos de jejum). Foi quando a cidade berço encetou o Guidance. Saíamos do trabalho a correr, fazíamos cinquenta quilómetros em menos de trinta minutos, agradecíamos os espectáculos marcados para as 22 horas (suspeitando que o horário tinha em consideração os órfãos como nós) e mergulhávamos na filigrana do programa de dança contemporânea do Centro Cultural Vila Flor com indizível orgulho por haver auditório sempre cheio e, ao mesmo tempo, com embaraçosa inveja por aquilo não ser na nossa cidade. 

Das muitas coisas maravilhosas que vimos ali ao lado, surgem logo, sem pestanejar, três nomes inesquecíveis: Peeping Tom, Garry Stewart e Jefta van Dhinter. Não incluiria Anne Teresa De Keersmaeker no melhor do que o Guidance nos deu quando nos acolheu, mas ontem, a apresentação, pela Companhia Nacional de Bailado, de "Mozart Concert Arias – Un Moto di Gioia", num Rivoli lotado pelo segundo dia consecutivo, foi quase comovente. Não sei se pela peça, se pelo regresso a casa, se pela casa cheia, se pelo que me parece a libertação de um refém, se por tudo isso. Isto não se explica, mas é comovente voltar a entrar no Rivoli e é sobretudo uma enorme felicidade.

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