domingo, abril 13, 2014

Europeias. Parte I


Na primeira temporada de House of cards, série americana cuja genialidade está longe do propalado, mas que ainda assim serve de aviso para que se não levem os políticos a sério, o congressista Peter Russo, sujeito volátil e inepto, é responsável pelo desemprego de 12 mil pessoas. De um dia para o outro, o Governo decide fechar os estaleiros (onde é que já ouvimos isto?!) e ele, que tinha prometido lutar pela manutenção dos postos de trabalho daquela gente que o elegeu, borrifou-se para o assunto só para não afrontar o partido, esqueceu os eleitores, recusou recebê-los e ouvi-los.

Tempos depois, Peter Russo decide candidatar-se a governador. Volta então a lembrar-se do povo. Precisa dele para ser eleito. Pede desculpa pelo passado (também já ouvimos isto, não já?) e promete que no prazo de dois anos metade daqueles 12 mil desempregados poderão voltar a ter emprego... ainda que só a meio tempo e com um salário de seis dólares por hora. Ou seja, menos de metade do que antes recebiam. O povo rabuja, mas quem tem contas para pagar é sempre permeável ao canto da sereia. É assim em todo o lado. O povo cede. 

Vem isto a propósito dos discursos de Nuno Melo e Paulo Rangel, hoje de manhã, na Curia, na apresentação dos candidatos do PSD e CDS-PP às eleições europeias. Melo diz que a agricultura - a agricultura que os sucessivos governos de Cavaco Silva destruíram - é a "prioridade" da coligação. Rangel corrobora e acrescenta o mar (Ah, o mar, esse eterno reduto de salvação do país...), a reindustrialização e o emprego. 

Dizem isto sem rir e com ênfase. A sério, é preciso ter uma esplendorosa lata! E é muito triste que o bom povo continue a ter amnésias constantes no momento de votar. Não sei quanto ganha um congressista ou um governador na América, mas um eurodeputado eleito aqui pelo burgo ganha dez mil euros limpos. Para que conste!

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