domingo, agosto 18, 2013

José Miguel Gaspar: Coura, ilusões e despenhamentos

Phosphorescent

"Para mim o festival não precisava de ser salvo. Já levo os Iceage no coração, vão lá ficar, empedernidos, levo a ruidosa aurora de novo shoegaze dos Toy e das suas malhas secretas de azul MBV (e como dançavam a tocar, obscuros), levo a Brittany dos Alabama e a desproporção da sua grandeza soul e o momento em que ela voltou a ver o 'Heartbreaker' e nos disse antes de cantar com blues da língua que ele era uma lição, que aquilo não era uma canção triste, levo até debaixo do braço ou entre dentes Jagwar Ma (eles asfixiam e depois pulverizam Madchester, pareceram-me quase tão bons como os Doldrums) e levo ainda (vou, irei sempre com ele, fiquei até ao fim da cavalgada e do encore) Bombino, não é possível esquecer Omara Bombino e o seu enxame de psicoblues. Para mim o festival não precisava de ser salvo. Mas para quantos, a maioria de quantos dos 5 dias da encosta de Coura, 2013, a quantos ainda lhes faltava um big moment, nem que fosse breve mas que tivesse estrondo, que fosse aquele instante que fosforesce e que queima tudo à volta, aquele instante decisivo que vamos partilhar, que nos faz sempre suster e respirar para dentro. Acho que os Palma Violets, ainda que brevemente, criaram e tiveram hoje na mão esse magnífico instante."

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