domingo, outubro 17, 2010

Imprensa a criar excêntricos todas as semanas

"Os bons momentos parece que nos são oferecidos, que não nos pertencem."
António Lobo Antunes, Única

"Os homens nunca dizem: "Já não gosto." Dizem: "O problema não está em ti, está em mim. Preciso de pensar, preciso de espaço..." As mulheres são muito mais directas: "Deixei de gostar de ti." E pronto. Os homens nunca o dizem porque querem que a mulher fique de reserva."
Idem, ibidem

"Quando os homens vêem o panorama, as mulheres observam um pormenor, em geral importante. Uma amiga minha diz que as mulheres são mais práticas porque não se podem dar ao luxo de ser teóricas. Não há nenhum mal nessa diferença. Pelo contrário, até há bem: é por isso que as relações entre os sexos são tão animadas e e imprevisíveis. Gosto de mulheres porque gosto do desconhecido."
Carlos Fiolhais, Pública

"Neste momento, você tem uma imagem de mim, que está a construir a nível visual, mas também a nível auditivo. Mas há também uma outra imagem que surge ao mesmo tempo na sua mente: a imagem do seu próprio organismo, que está a ser gerada automaticamente no seu tronco cerebral e representada na sua ínsula. Ora, essa imagem é uma imagem que, por estar ligada a si, está ao mesmo tempo a produzir um mapa que é um sentimento. E é aí que me parece que está o grande segredo de criar uma consciência sentida e não uma consciência de autómato."
António Damásio, Pública

"Em Portugal, os jantares são como cimeiras ao mais alto nível, sem a chatice das limusinas e dos seguranças. Porque é nos jantares que ousamos ser aquilo de que não somos capazes durante o resto das nossas vidas. Passamos os dias a rodear assuntos e de hesitação em hesitação sobre como dizer isto ou aquilo a outra pessoa. A frontalidade e a assertividade são-nos estranhas. Os dias não são iguais às noites nem têm vinho tinto (ou branco, para quem preferir) à discrição. Venha um jantar depressa, por favor. Porque nos jantares somos outros, capazes daquilo que nem nos sonhos mais secretos faríamos em circunstâncias normais, seja pedir um aumento a um chefe, seja abrir o coração apaixonado ou meter conversa com alguém. Nos jantares, e porque sabemos que há uma suspensão das regras, das formalidades e portanto das distâncias, tudo isso passa para o reino daspossbilidades. Num jantar somos todos iguais.
Pedro Boucherie Mendes, index

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