terça-feira, janeiro 26, 2010

CDS decide; PSD vai atrás; Governo respira

O Governo já pode respirar de alívio. À boleia da Direita, o Orçamento de Estado para 2010 tem viabilização assegurada. O CDS-PP, que se voluntariou desde o início para negociar, abster-se-á. O PSD, apesar de mais renitente, também. Só a Esquerda não foi a jogo.

Era menos complicado do que parecia: sabendo-se que as forças partidárias de Direita não queriam ficar com o ónus de provocar o desmoronamento do Governo – até porque não era seguro que, em caso de eleições antecipadas, a intenção de voto dos portugueses fosse diferente do que foi nas legislativas de Setembro –, a única dúvida residia em saber até onde poderia a corda esticar. E quem poderia, concluída a dança de cedências, reclamar vitória.

Paulo Portas colocou-se em campo logo em Dezembro, disponibilizando-se para votar a favor do Orçamento de Estado (OE), caso o Executivo de José Sócrates acolhesse uma lista de 25 medidas que o líder centrista elencara como prioridades para o país. Entre elas, estavam o aumento da fiscalização no Rendimento Social de Inserção e a venda de medicamentos por unidose. Somado, o pacote implicaria um custo de 700 milhões de euros.

Nessa altura, relegado para segundo plano, o PSD, através do seu líder parlamentar, acusou o Governo de “seguir o caminho mais fácil”. “O fundamental é que haja uma inversão da linha trajectória do défice externo e do défice das contas públicas. Essa é uma preocupação que faz com que o PSD olhe para este OE numa lógica de interesse nacional”, explicou José Pedro Aguiar-Branco. Apesar disso, foi o CDS-PP que se manteve como jogador principal até anteontem, até à “abstenção construtiva”. A social-democrata Paula Teixeira da Cruz, em entrevista ao I, reconhece-o: “O CDS está a ser tratado como maior partido da oposição.”

Tanto assim é que, a partir do momento em que Portas anunciou a abstenção, conseguiu três coisas: obrigar o PSD a seguir-lhe as pisadas (se Ferreira Leite se opusesse, como alguns militantes desejavam [ver caixa], não se livraria de ser vista como a responsável por uma crise política); dividir a responsabilidade do futuro por três (PS, CDS e PSD); e ganhar margem para reclamar do Governo o cumprimento da fatia de compromissos que assumiu com os democratas-cristãos. Conseguiu ainda facilitar a vida ao Governo que, da Esquerda, BE e PCP/PEV, na impossibilidade de qualquer entendimento, não poderá esperar senão os seus votos contra.

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