sexta-feira, abril 18, 2008

PSD e os seus putativos primeiros-ministros

Durão Barroso sabia que seria primeiro-ministro, só não sabia quando. Foi primeiro-ministro entre 2002 e 2004, em coligação com o CDS-PP, mas depois encontrou um brinquedo melhor (bem melhor, como o prova o presente) e foi embora. Curiosamente, pouco antes de fugir, tinha assegurado que não o faria. É aí, por ele, que começa a derrocada do PSD. Mas isso o PSD não assume.
Santana Lopes morria se não fosse primeiro-ministro, nem que para isso tivesse que aceitar sê-lo num contexto de ratoeira, nem que fosse só por nove meses. Não deu conta do recado e saiu. Não propriamente pelo próprio pé, mas saiu.
Marques Mendes, credibilidade alcançada ao lado de Cavaco e Durão, se ambicionava ser primeiro-ministro, soube sempre disfarçar até que o escorregão de Santana há-de ter-lhe parecido demasiado apetecível. Açambarcou a liderança do partido, passo sem o qual nunca poderia ser primeiro-ministro. Não chegou a ser.
Luís Filipe Menezes ameaçava há anos liderar o PSD que, nos seus sonhos, serviria de alavanca para ser primeiro-ministro. Achava que era como em Gaia, que o povo é que manda. Enganou-se.
O homem que se segue - ou quer seguir-se, qual salvador da pátria laranja, - é José Pedro Aguiar Branco que afirmou ontem, em entrevista à Visão - talvez não tenha sido, mas aquilo cheira a encomenda por todos os lados - estar disposto a derrotar José Sócrates quando na verdade queria dizer apenas disposto a tudo para derrotar Menezes.
No PSD quem é não é por mim é contra mim. Quem não é base é barão e vice-versa. E os dois lados são inconciliáveis. Com Menezes saltou cá para fora a arraia-miúda inteira, com o execrável bacalhau Ribau Esteves a liderar a ralé (Branquinho, sem surpresa, lá vai dando sempre para os dois lados, o que o torna ainda mais intragável) - e agora parece que vão voltar os barões. Que até podem também perder, mas nunca perderão a pose.
Durão, o cherne, era afinal o rato do porão. Santana, o bobo da corte, não passou afinal de um infeliz usado para uma travessia suicida. Mendes não tinha carisma e concordava muito com o PS. Menezes não tem berço, nem nada que não seja esquizofrenia em estado puro. Os líderes do PSD têm sempre uma desculpa para sair. O PSD tem sempre uma razão para se virar contra si próprio. O partido social democrata só não parece encontrar um bom argumento para governar o país.
Há vários anos que analistas e comentadores políticos andam a dizer que Sócrates rejubila com a mediocridade da Oposição, que assim lhe facilita a vida e o faz parecer menos mau.
Sócrates será mau. Agora, imaginem se fosse bom!


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