quinta-feira, agosto 30, 2007

Ana Gomes

"Estou convencida de que Ferro Rodrigues e Paulo Pedroso foram politicamente "assassinados" pela "inconveniência" do seu empenho de sanear e despoluir. Dentro e fora do PS."

Ana Gomes, Farpas JN

Às vezes também me apaixono por mulheres...






Lindsay Lohan


terça-feira, agosto 28, 2007

National Geographic no estômago

Ela não tinha borboletas no estômago. Tinha o National Geographic inteiro dentro dela. Vivo, da ponta dos cabelos à ponta dos pés. E ninguém o podia apaziguar. Só talvez o tempo, que devia correr, mas só corre quando não se quer.

segunda-feira, agosto 27, 2007

Os três porquinhos

O amor é uma casa. Há quem construa casas de palha, preguiçosas e permeáveis à mais ténue rajada de vento. Há quem construa casas de madeira, mais seguras do que as de palha, mas nem por isso mais confortáveis. E há quem opte por casas de tijolo, aparentemente mais resistentes. Ao frio e aos maus.
Mas quando o lobo mau está dentro das pessoas e não das casas, que amor poderá sobreviver?

Pillowman no TNSJ

Quando é mau, o teatro é pior do que o cinema. Quando é bom, é muito melhor. Com uma diferença: um filme pode ver-se vezes sem conta e uma peça não. Daí a euforia, com sabor a dádiva divina, o saber que "Pillowman", peça escrita pelo magnífico autor irlandês Martin McDonagh e brilhantemente encenada por Tiago Guedes, que estreou o ano passado do Maria Matos, em Lisboa, será reposta a 7 de Setembro no Teatro Nacioal S. João, no Porto. Absoluta e definitivamente imperdível.

domingo, agosto 26, 2007

I just don't know what to do with myself

Do que eu gostava mesmo era de poder ir já embora. Sem malas, sem hotel marcado e sem bilhete de regresso. Para Cuba, África, Paquistão ou Irão. Ou para todos estes sítios, um de cada vez, mas todos de enfiada. E ficar por lá o tempo que fosse preciso. O tempo necessário para ter vontade de voltar. Voltar, não porque as férias acabaram, mas por sentir a falta de tudo o que agora me farta.

Eduardo Prado Coelho 1944 - 2007


"Há um dia em que sentes que o essencial ficou para trás, que a partir de agora tudo pode ser igual ao anterior mas nada terá a tonalidade que o distinguia, porque nenhum desejo investe o que acontece, porque ultrapassámos uma linha invisível, e aí experimentámos essa forma de morrer que é o puro derrame do sentido, a desolação sem resgate, o declive sereno mas inexorável, a impiedosa expansão de um depois".

Eduardo Prado Coelho

sexta-feira, agosto 24, 2007

Palavra de honra; coração de cera

Convidou para padrinho de casamento o melhor amigo. Homem que - como ele, em breve - casou para honrar a palavra, para não humilhar a namorada de tantos anos, para não quebrar a promessa de eternidade, para não defraudar a família que anseava pelos descendentes, para não ser apontado pelos amigos, para não parecer imaturo, para não cancelar a compra da casa, para não devolver os presentes que não escolheu da lista e que começam a amontoar-se no quarto destinado aos herdeiros.
Noivo contrariado antecipa o futuro na vida do melhor amigo. Sabe já que as noites serão a parte pior: dificilmente a playstation, o blogue, as putas e as bebedeiras serão suficientes para esquecer a mulher que não perdoará por ter conhecido quando era já tarde demais. Um dia, sem ser consultado, terá um filho, dois, mais. Para honrar o que julga ser o curso natural da vida. Quando crescerem, talvez os aconselhe, enigmático, a nunca prescindirem do verdadeiro amor. Mesmo que ele chegue fora do calendário. Mesmo que ele obrigue a destruir tudo e a refazer de novo. Talvez não lhes diga nada.
Vale mesmo a pena honrar a palavra quando não se honra coração?

quinta-feira, agosto 23, 2007

We might as well be strangers

I don't know your face no more
Or feel your touch that I adore
I don't know your face no more
It's just a place I'm looking for

We might as well be strangers in another town
We might as well be living in a different world

I don't know your thoughts these days
We're strangers in an empty space
I don't understand your heart
It's easier to be apart

We might as well be strangers in another town
We might as well be living in a another time
We might as well be strangers
For all I know of you now

quarta-feira, agosto 22, 2007

O verão mora ao lado...

Comprei uma casa de verão no inverno. Apaixonei-me por ela muito antes de saber que a poderia ter. Não exactamente por ela, mas pelo muro de pedra que ela tem. E não pelo que o muro contém de bloqueio, mas pelo que o muro me devolve da bucólica infância. Não comprei a casa pelo muro. Comprei a casa pelo que o muro significa.
Atrás do muro há um jardim e uma vista privilegiada para o rio. Entre uma coisa e outra há centenas de pássaros durante o dia e milhares de estrelas à noite. E um silêncio que só é interrompido quando os gatos estão com cio. E uma cadeira para não perder a lua quando ela aparece.
Passei o inverno inteiro à espera do verão. Do verão quente da infância. A casa ficava cheia de amigos, fazíamos pic-nics nocturnos no terraço, adormecíamos embrulhados em mantas e coleccionávamos gargalhadas e fotografias para a posteridade.
É verão. Não é quente. E eu estou há três semanas a dormir num hotel.

Vasco Graça Moura

"O que costumava amar, já não amo; minto: amo, mas amo menos; ainda assim continuo a mentir: amo, mas mais envergonhadamente, mais tristemente; agora é que disse a verdade. De facto, é assim: amo, mas desejaria não amar o que amo, desejaria odiá-lo; amo todavia, mas sem querer, mas coagido, mas triste e em pranto. E, mísero, em mim mesmo experimento aquele famosíssimo dito: Odiarei se puder; se não, amarei apesar de mim".
Vasco Graça Moura, em As Rimas de Petrarca.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Paredes de Coura - 15ª edição






[daqui]


Peter Bjorn & John, Cansei de ser sexy e os velhinhos Sonic Youth a trazer a Paredes de Coura uma noite à moda antiga, daquelas em que todos os dias eram bons porque todos os concertos eram inesquecíveis. Coura é a banda sonora das nossas vidas. Para a vida.

quarta-feira, agosto 15, 2007

Dinossaur Jr

[daqui]


Chuva para não variar. Dinossaur Jr não tocavam há 19 anos. Ressuscitaram para actuar em Paredes de Coura. E para assassinar "Just like heaven" dos Cure. Deviam pagar multa.

terça-feira, agosto 14, 2007

Babyshambles em Coura!!!!


Nos últimos anos, há sempre qualquer maldição que me impede de estar a tempo inteiro em Paredes de Coura. Felizmente, existe uma coisa chamada Antena 3 que transmite os concertos em directo. Não é serviço público; é serviço humanitário! Pete Doherty sóbrio e muito, muito bom!

segunda-feira, agosto 13, 2007

José Eduardo Agualusa


"Nunca senti a necessidade absoluta de escrever – como de comer, ou de fazer amor. Escrever é quase sempre um prazer enorme, mas não uma urgência, ou uma angústia como imagino que seja um cigarro para um fumador."
José Eduardo Agualusa, Farpas JN

quinta-feira, agosto 09, 2007

Público

Quem trabalha em jornais sabe bem o mal que sabe encontrar gralhas no dia seguinte. E também sabe que é Verão e que a malta acelera e que o sol de fim de tarde é demasiado apelativo e que há sempre falhas mesmo quando o esforço para que não as haja é completo. Mas começo a ficar um bocadinho farta de não ler os textos do Público até ao fim. Importam-se de verificar as páginas antes de as fechar?

Califórnia dreaming


Problema: Dezasseis horas de viagem para pôr o pé no território do abominável Bush, que atropelaria de bom grado se pudesse. Irresponsável escala no Bairro Alto lisboeta, no albergue desse quase desconhecido Beto que, por alguma estranha razão, me faz sentir em casa, obriga-me a adormecer, indefesa e literalmente de pé, ainda no corredor do aeroporto da Portela. Arrasto-me, mais sonâmbula que os sonâmbulos, pelo avião da Continental; só acordo no dia seguinte. Muda. E do avesso. Percebo que passei mais de 24 horas sem comer. Não tenho fome. Só fome de apagar a última paragem, o último take, a última conversa, o último caldo entornado.

Recolha de dados:Uma semana inteira com pessoas que nunca vi; que à partida supunha que nunca mais veria; e com quem me apetecia tudo menos partilhar o que quer que fosse. Uma semana inteira em Los Angeles dos 88 condados, sem qualquer desejo de pisar o passeio da fama, de fotografar o Kodak Theatre, de cumprimentar o Mickey, de entrar no "Bates Hotel" do Psyco, de beber café de litro em Santa Mónica, de pedir milagre a Steven Spielberg ou explicação neurológica a António Damásio, de abrir a boca de espanto, de fingir ser turista de havaiana no pé quando na realidade não posso enterrar o corpo na cama sem antes despachar mais uma entrevista no computador. Todos os dias.

Proposta de hipótese:Talvez não seja tudo realmente possível em Hollywood, talvez o sonho americano não seja senão o que sempre foi para mim: uma mentira de açucar. Talvez o "Enjoy" sucessivo dos néons, o "dream come true" omnipresente, a banda sonora apoteótica e constante não passe de uma lavagem cerebral sugestiva de resultados aleatórios e pouco fiáveis. Talvez... mas, engolida ou não por esse contexto, foi possível acontecer-me tudo ao contrário do que imaginei. E viver de mãos dadas com pessoas com uma extraordinária capacidade de me surpreender, e que espero voltar a ver depressa. Sobretudo essa Ana dos cabelos ruivos, menina-mulher de algodão doce com quem a praia e o fogo, os passeios e as palestras, as noites e os concertos, os carrosséis e o vinho, as conversas e as gargalhadas, as compras e as futilidades provaram o que desde os 17 anos me parecia impossível: cumplicidade feminina, genuína e profunda. Instantânea e para sempre.
Testar hipótese: Sou obrigada a abortar a viagem a meio, a trilhar as não sei quantas milhas de regresso sozinha. Já estava previsto. Mas o que no início me parecia uma benção, pesa-me agora algures no peito. Recebo as primeiras mensagens de telemóvel, de ausência notada, ainda no aeroporto de L.A., decido não acrescentar as oito horas no relógio que separam os dois continentes, eventualmente ter os pés num lado e a cabeça no outro. Não estou triste por voltar, mas não estou contente por não ficar.

Análise dos resultados: Se o sonho americano é isto, este 'bling bling' no coração, esta porta escancarada por onde entraram, e me permitiram entrada, a Ana e a Bárbara, a Isabel e a Margarida, a Dalila e a Célia e o Nuno, então, o sonho americano, o que não se contabiliza em dólares na algibeira, existe mesmo. Há quem, como os mexicanos, e tantos da América latina, venda tudo para o conseguir e nunca o alcance - como Bob, o intrépido motorista; como Laura, a animadora que faz figuras tristes com esperança de ser descoberta por um qualquer realizador; como Jason, o menino guia que sonha um dia ganhar um Oscar como alguns da sua Universidade. E há quem não faça nada por ele e o veja sentar-se ao lado, como uma estrela que, podendo ser só cadente, iluminou mais do que ela própria poderá saber - como eu.

Conclusão: Cheguei da Califórnia cheia de Sol. Bronzeada por dentro. As cidades, como tudo o resto, são as pessoas. Mesmo as cidades americanas. Thanks.

terça-feira, agosto 07, 2007

Nuno Markl


"Consegui fazer carreira a partir de tudo aquilo que fazia de mim uma vítima no recreio da escola. Gostava de ver o que estão hoje a fazer os "bullies" que me faziam a vida negra na escola! Além disso, ter como trabalho relatar a minha vida faz não só com que eu ganhe dinheiro por isso, mas poupe em terapia."
Nuno Markl, Farpas JN